sexta-feira, 30 de novembro de 2012

De "ganho rápido" para "prejuízo permanente"

Read this post in English HERE

Há alguns dias, uma amiga minha me contatou para saber minha opinião sobre a estratégia geral do projeto de Business Intelligence (BI) em que ela estava trabalhando: a ideia era entregar a camada de apresentação inteira do front-end (relatórios, dashboards etc.) e só então começar a trabalhar na camada de Data Warehouse o que significa modelagem, estruturação de dados e ETL (Extraction, Transformation and Load). De acordo com a descrição dela, eles não conseguiam ao menos falar todas as fontes de dados que seriam necessárias para entregar a camada de front-end já prometida.

Eu acredito que a maioria de nós já vivenciou uma situação similar. Já a vi sob muitos nomes e conceitos, mas geralmente podemos simplificá-la chamando-a de "ganho rápido". Por "ganho rápido" nós normalmente queremos dizer que alguma coisa (uma parte de um projeto, uma funcionalidade específica ou algo do tipo) pode ser entregue muito rápido (em comparação com o entregável inteiro), com um custo razoável (também em comparação com o entregável inteiro) e, principalmente, que pode entregar um alto valor agregado. Em um mundo ideal, isso significaria gastar 20% dos recursos que trariam 80% do valor agregado (em uma análise simplificada de Pareto).

Devemos mencionar, que enquanto buscando o "ganho rápido" é possível que algumas regras de governança ou diretrizes de melhores práticas sejam negligenciadas no intuito de reduzir ainda mais o total de recursos investidos. Claramente, isso pode ser feito apenas quando previamente acordado com todas as partes interessadas e sob estrito comprometimento de cumprir todos os requerimentos necessários ao implementar o restante do projeto.

Nem é preciso dizer que o advento do "ganho rápido" não tem raízes nos fundamentos técnicos. De acordo com minha experiência, se você perguntar a um técnico se ele gostaria de entregar "a solução perfeita a qualquer custo" ou uma "solução usável a um custo muito baixo", ele explicará com prazer que apesar da solução de baixo custo poder ser usada, tal qual, ela tem uma lista enorme de desvantagens e riscos que deve ser levada em consideração.

Então, a fim de construir uma solução que possa ser efetivamente vendida - a propósito, uma perspectiva muito importante de uma empresa de consultoria, técnicos do mundo todo (eu incluso) dependem dos colegas de marketing, vendas e gerentes de projeto. Que foram brilhantes ao trazer para o negócio soluções que se encaixam às necessidades do cliente e ao padrão de entregar a melhor solução possível através da abordagem de fases, priorização de entregável e, claro, "ganhos rápidos".

Para dizer na lata: eu suporto a abordagem de "ganho rápido" como uma ferramenta para tornar os projetos possíveis e viáveis. Eu acredito que se pudermos encontrar a "coisa" certa (seja um relatório, um processo, um dashboard, um fluxo de trabalho etc.) que possa realmente derrubar a escala de nossos clientes, devemos fazê-la o mais rápido possível a fim de garantir um rápido ROI (Return Over Investment) e, além disso, a vantagem competitiva que eles estão sempre procurando.

No entanto, eu discordo da abordagem, algumas vezes "rápida e suja", que algumas soluções são vendidas e entregues. Discordo da idea de entregar tudo como um "ganho rápido" ou "protótipo produtivo" como já vi acontecer diversas vezes. Eu encorajo todos aqueles dispostos a usar a abordagem do "ganho rápido" a seguir uma lista de verificação muito simples:
  1. entenda o ambiente, os problemas, as oportunidades e desafios do seu cliente;
  2. proponha uma solução completa e sustentável;
  3. destaque as "coisas" que podem ser feitas com uma quantidade pequena de recursos (tempo, dinheiro e pessoas) e que potencialmente podem trazer um grande benefício (produtividade, lucro, eficiência etc.);
  4. se necessário - para tornar o projeto viável - crie um roadmap a quatro mãos ou um programa no intuito de aplicar a abordagem de fases.
Com a lista de verificação simples acima, você garantirá não negligenciar o todo.

Abraços,
_______
Eduardo Rodrigues é profissional de Business Intelligence há 8 anos, já atuou como cliente, empreendedor, palestrante, consultor, arquiteto de soluções e gerente de projetos. Casado, pai de dois filhos é ainda autor de um livro de poesias chamado “Poemas de Botequim”. Perfil no LinkedIn: http://br.linkedin.com/in/rodrigueseduardo. Siga-o no Twitter: https://twitter.com/edur0dr1gue5

Nenhum comentário:

Postar um comentário